terça-feira, maio 29, 2007

Carta de mãe alentejana:

(recebi o mail e achei piada, por conseguinte decidi partilhá-la:)
Mê querido filho,

Ponho-te estas poucas linhas para saberes que estou viva.
Escrevo devagar porque sei que não gostas de ler depressa.

Se receberes esta carta é porque chegou. Se ela não chegar, avisa-me que eu mando-te outra.
Tê pai leu no jornal que a maioria dos acidentes ocorrem a 1km de casa. Assim, mudámo-nos para mais longe.

Sobre o casaco que querias, o tê tio disse que seria muito caro mandar-to pelo correio, por causa dos botões de ferro que pesam muito. Assim, arranquei os botões e coloquei-os no bolso. Quando chegar aí, prega-os de novo.

No outro dia, houve uma explosão na botija de gás da cozinha. O pai e eu fomos atirados pelo ar e caímos fora de casa. Que emoção: foi a primeira em muitos anos que tê pai e eu saímos juntos.

Sobre o nosso cão, o Joli, anteontem foi atropelado e tiveram de lhe cortar o rabo, por isso toma cuidado quando atravessares a rua.

Na semana passada, o médico veio visitar-me e colocou na minha boca um tubo de vidro. Disse para ficar com ele por duas horas sem falar. O teu pai ofereceu-se para comprar o tubo ao médico.

Tua irmã vai ser mãe, mas ainda não sabemos se é menino ou menina, portanto não sei se vais ser tio ou tia.

O teu irmão António deu-me muito trabalho hoje. Fechou o carro e deixou as chaves lá dentro. Tive que ir a casa e pegar a suplente para o abrir. Por sorte cheguei antes de começar a chover, pois a capota estava em baixo.

Se vires a Dona Esmeralda, diz-lhe que mando lembranças. Se não a vires não digas nada.


Tua Mãe.

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