"Coitado! que em um tempo choro e rio;
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Du~a cousa confio e desconfio.
Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.
Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;
Queria que visto fosse invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!"
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Du~a cousa confio e desconfio.
Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.
Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;
Queria que visto fosse invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!"
Camões
A intemporalidade de Camões é de facto notável. Como é que tendo sido escrito há tanto tempo este poema diz tanto sobre o que me vai na alma?
A intemporalidade de Camões é de facto notável. Como é que tendo sido escrito há tanto tempo este poema diz tanto sobre o que me vai na alma?
Sem comentários:
Enviar um comentário